domingo, 28 de agosto de 2011

Crucify (live) - Tori Amos



Temos uma pesada herança, chamada culpa.
Sou um caminho de atalhos, botas enlameadas e auroras.
Sou recomeçante por defeito. Gosto de limpezas em casas por habitar, gosto da primeira refeição, do regresso e de Setembro.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sérgio Godinho - Que há de ser de nós?




Quando as pessoas se espalham aos pedaços pelo chão.
A memória e o corpo de memória, transfiguram-se sem passos de dança, nos dias que madrugam, entre rotinas, rotações e rotundas, de nada vale contar baixinho o ritmo da valsa ( 1, 2, 3 1, 2, 3)se a toada é de improviso e se a linha melódica se ausentou por tempo indeterminado.

The National - Fake Empire

Fake empires.

Acho, apenas acho, que a nossa vida tem o interesse que o nosso talento narrativo lhe conferir.
Mesmo assim, sei, e isto eu sei, que retirar palavras dadas não é o mesmo que recontar histórias, sei, e isto sei, que mentir não equivale a desenhar ilusões.
Os seres humanos, menos belos, enredam-se em teias e nem a memória os liberta, agarra-os como traças no papel viscoso, debatem-se em agonia, revelando o esqueleto por trás da carne seca.
O vento correu desgarrado na madrugada de sábado, sob pinheiros revelaram-se almas e demónios.
Ontem, o homem negro que comprava cervejas pretas, e estava à minha frente no supermercado, deixou-me uma verdade para os próximos dias:
- EU SOU NERVOSO; EU NÃO SOU ANIMAL!

http://youtu.be/KehwyWmXr3U

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Thomas Feiner & Anywhen - For Now



Um dia acerto as horas. Deixo de me sentir o coelho da Alice, páro de correr como um hamster e faço as pazes com o tempo. Nesse dia terei envelhecido e as noites serão infindáveis e os dias terão mais horas que as necessárias.
Por agora não consigo evitar o ponto do desespero.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nick Cave And The Bad Seeds - We Came Along This Road

Agosto em tom de Outonal. Caminhos a evitar. Atalhos e atilhos.

Não falo de nuvens perto de ti
Não falo da fúria perto de ti
Não falo das derrotas perto de ti
Perto de ti, não falo.

Agigantam-se-me os olhos
Apequenam-se-me as mãos
Recolhem-se os vocábulos
Perto de ti, engirino-me.

Morre-me a sagacidade
Seca-se a ironia
Acaba-se a audácia
Perto de ti, não falo.

Amplia-se o outro tempo
Desviam-se as atenções
Desenham-se os finais.
Perto de ti, perco O de mim.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ilhas.


Que águas turvas escondem as verdades dos homens?
A estas águas claras acostam dáriamente centenas de anónimos, fogem da fome, das improbabilidades do futuro, das guerras, das enormidades e das monstruosidades adversas.
Atiram-se para barcaças, corpos sobre corpos, falta-lhes o e ar a água, mas alimentam-se de esperanças, muitos morrem antes de aportarem.
Imaginam aliados, rostos compreensivos, braços abertos, agasalhos, refeições quentes e seres humanos.
Mas as ilhas do descontentamento, albergam medos, povoadas por zelosos vigilantes, recebem estes viajantes do desespero com o desprezo anónimo, ilegais, sem histórias para contar, apenas mais uns a enxotar, sem rosto ou nome, são devolvidos ao mar, o mar que os carregue, que aqui já há muita desgraça, não precisamos da desgraça dos outros.
Com a desgraça dos outros posso eu bem.
Mães e crianças morrem mais.
Os braços inúteis contra a fome, contra o desemprego, as mãos estendidas em forma de concha, em busca de respostas de quem lhes acenou com a democracia mas que se esquiva no alimentar da esperança.
A Europa ainda tem muito a aprender.
Lampedusa não é um destino de férias, é o depósito de vidas que arriscam deixarem de o ser para escaparem ao determinismo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bregovic - American Dreamers . Draw the line.



Há quem desenhe linhas definidas entre a sanidade e a insanidade e há quem se perca no emaranhado de fios mentais.
Recordo-me muitas vezes da sua resposta perante a insistência da minha Avó materna:
- Ó Paulo o que é que vais fazer datua vida agora ?
- Vou para Katmandou!
Sem grande esforço. oiço-o cantarolar The Doors "Oh Tell me the way tothe next wisky bar..." quando regressava a casa sob efeitos alteradores da consciência.
Ensinava-me coisas parvas que eu repetia, sem saber que eram erradas:
- Ritinha o que é um otorrinolaringologista?
- É um peixe vermelho que vive no mar do japão.
E depois desaparecia, primeiro dias, depois meses e finalmente anos.
O meu Tio foi deixando os momentos de insanidade devorarem-lhe a sagacidade e o humor, amargou e fechou-se num mundo onde só cabem fantasmas e sombras.
Talvez já tenha perdido os contornos do seu rosto.
DEcerto terá ainda um rosto, irreconhecível e envelhecido, prescruto o olhar de todos os vagabundos de tez clara e barba grisalha em busca de despojos do Tio da minha infância, aquele que me deu um piriquito numa gaiola.
- Batatinha: devias ir para o teatro...
- Não gosto, não gosto de repetir nada.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nenhum valor é eterno.


Guido Reni (1575- 1642)
Drinking Bachus
Este pintor de Bolonha , foi, no seu tempo, comsiderado como um expoente da arte italiana, alguns cronistas garantiam que Guido Reni e Michelangelo seriam as eternas glórias da pintura Italiana.
Num último leilão da Christie´s um quadro de Reni foi transaccionado por 300£.
Nenhum valor é eterno.


A volatilidade do mercado da arte contemporânea é um dos supostos entraves ao investimento na criação.
Mas a volatilidade marca a Arte tão profundamente como o esquecimento marca a história.
A produção artística é uma permanente luta contra a morte. Aliás como toda a produção humana , se por um lado os artefactos têm funções utilitárias reconhecíveis, os objectos artísticos têm funções simbólicas igualmente determinantes para a sobrevivência.
A evolução torna muitos objectos obsoletos, objectos que no seu tempo foram vitais para os seus utilizadores. Só através da arquelogia compreendemos a função de determinados objectos, e só com a ajuda da contextualização histórica vislumbramos a importância destes no quotidiano de uma dada população numa dada época. Reconhecer este facto não é um impeditivo ao investimento na produção de bens de uso comum, um fabricante de papel higiénico não encontrará grande resistência caso pretenda expandir o seu negócio, apesar de ser altamente provável que o papel higiénico deixe de existir dentro de menos de 100 anos.
Então porque será que o investimento em Arte tem que vir sempre acompanhado da garantia Valor Seguro” ?
Porque exigiremos à arte a perenidade, como garante da sua sustentação, se tudo na sociedade humana é transitório?

O pensamento divergente.




Interessam-me os espaços de ligação, as fibras que nos interligam, a empatia, a criatividade, a mutação.
A existência anula-se sem alimento, por isso gosto de confeccionar pão e bolos ( o básico e o supérfluo) para manter e participar na explosão.!
O intenso apelo ao pensamento criativo que se impõe neste momento de Krisis, é um desafio a todos para alimentarmos os nossos cérebros e os cérebros das nossas crianças para que do pensamento divergente surjam ideias e praxis alternativas ao colapso aque assistimos.
Um mundo de sinapses gordas e ramificadas é o desejo por uma estratégia de sobrevivência, onde a inteligência ( seja ela de que tipo for) renove e proponha futuro além da desilusão.

Tindersticks & Lhasa de Sela - Sometimes It Hurts

Porque o cinzento é mais sorumbático que o vermelho ou o negro

Uma nova viagem para partilhar ideias.
Pão e bolos não precisam de entrada de diccionário.
Noraadrenalina é uma substância produzida no Loccus Coreuleus, no cérebro humano, e que induz o bom humor !