segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

é só o tempo a passar. Don't Worry




Nada de incomum.
Uma noite de mesa plena.
Aqui me estendo, me tendo e me entendo.
Uma fogueira contida.
Um cheiro a terra e o ladrar dos cães.
Estamos, ainda, a salvo, num qualquer lado de dentro.

domingo, 30 de dezembro de 2012

A troca (Beirut - A Candle's FIre)







- Se me desses todas as tuas palavras...
- E como poderia fazê-lo?
- Se quisesses as minhas em troca, eu, sem hesitar, o faria.
- És louco.
- Isto não é loucura.
- Trocar de palavras? Então como lhe chamas?
- Lá está, não lhe chamo nada, não tenho palavras para o descrever.
- Que jocoso. E o que farias com as minhas palavras?
- Absolutamente nada.
- Desculpa?
- Silenciar-me-ia.Apenas isso.
- e eu? o que faria eu com as tuas palavras?
- O mesmo.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Da intransponibilidade da montanha.(Madredeus - A Cantiga do Campo (Live)





Guardo a intransponibilidade da montanha por onde nunca fugi.
Rumei ao sul para evitar um murmúrio de pedra e musgo que já principiava a sufocar-me.
Tenho um destino de sal, levanto-me numa vaga e morro em todas as praias e ainda assim, retorno ao mar, que ninguém escapa ao seu destino.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Melindrar os afortunados. (Brad Mehldau plays Bittersweet Symphony (Jazz à Vienne 2010)




Em todas as famílias existem uns mais afortunados do que outros, em todas as comunidades é igualmente assim, ou deveria ser, apesar das provas de guetização ( seja ela em condomínios ou em bairros sociais)serem contundentes e inequívocas em atestarem a insalubridade gerada por um convívio exclusivo.
A pluralidade enriquece as pessoas, conhecer e dialogar com pessoas de diversas realidades é um catalisador sináptico, provoca-nos a alma e leva-nos a abandonar a zona de conforto que é o nosso cérebro em modo fechado.
Quando todos os apelos vão no sentido de escutar e compreender os mais fragilizados, aqueles que estão a perder, muito mais do que coisas, aqueles que estão a perder`ânimo e esperança, ainda há quem ache e assuma achar, que os não vitoriosos desta época de náusea, são falhados, e como tal, são profundamente responsáveis pelo seu falhanço. Esta atitude revela uma clausura mental perigosa, proteger os privilegiados dum possível confronto com a realidade crua de quem está a passar por sérias dificuldades, é sustentar o autismo social que se vem instalando na sociedade. Ser afortunado não é em si mesmo um crime ou uma desonra, no entanto convém averiguar a origem dessa fortuna, se for uma fortuna feita de desventuras, então é uma injustiça, mas pode não ser,e então será uma fortuna justa e merecida.
Se os afortunados se melindram ante o rosto despido dos menos afortunados, então não serão merecedores dessa fortuna.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Para falar com crianças é sempre melhor inventar algumas palavrasThe King of China's Daughter




Fico muitas vezes a pensar em coisas que me perguntam. ESpecialmente por me sentir destituída de respostas. Construí-me como uma colecção de perguntas, e nunca um manual de instruções.
Ontem, alguém me perguntou acerca da pertinência artística de trabalhar com uma música muito conhecida, um daqueles sucessos virais, que todos os miúdos conhecem, que como tal poderia ser um ponto de partida para estabelecer um diálogo.
Inicialmente julguei que se tratava de uma provocação jocosa, mas rapidamente compreendi que se tratava de uma questão genuína.
Como sou bruta e destemperada, disse de imediato o que pensava, a quente, sem cuidado e sem filtro.
As crianças, sejam elas de que cultura, religião, nível sócioeconómico forem, precisam ser alimentadas com objectos elevados, precisam comer beleza e harmonia, mesmo vivendo entre o feio e a monstruosidade, essa é a verdadeira função de quem educa, ide ler Platão, o livro VII da República!
O diálogo entre educador e criança deve ser propiciador da criação de um espaço para as palavras inventadas, um espaço para recriar o léxico, um dicionário privado, um código que permita o explorar de sons e conceitos que a criança ainda não ousara antes.
Sustentar a ideia de que o diálogo proficuo é aquele em que o lèxico é limitado à partida, pelas fragilidades de um dos interlocutores, corresponde a uma visão redutora do poder do diálogo. Configura uma depreciação das capacidades de aprendizagem de algumas crianças, é um pensamento descriminatório camuflado do seu oposto, condiciona expectativas e limita possibilidades.
APrender é como saborear, o paladar aguça-se com a variedade, a persistência das provas e qualidade dos ingredientes.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Deamons never sleep, deamons never die, deamons are forever(Angus & Julia Stone - Take You Away)




I told you too many times about my deamons.
I tried to tame them, by they run loose.
My deamons don´t behave.
My deamons spit and spill all over.
I carry my furies as if I was carrying an unborn, they live deep inside my skin, I cannot chase them, nor do I want to, for I'll be needing their help in the days to come.
I bow before my deamons as they bow before the moon.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Morrer é mudar de pele. Os cordeiros sacrificiais também rugem.

E se um dia me perguntarem porquê, saberão que foi por amor.
E se um dia voltar a existir um amanhã e mesmo que de mim só sobrem vestígios de adn, noutros que já não chegue a tocar, saberão que a fúria nasceu da injusta condenação e da impossibilidade em permanecer.
E se um dia, tu, meu filho, ou tu minha filha, quiserem sonhar, desejo-vos campo aberto e estrada farta, que o mundo não se esgota nesta morte, nem neste final.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Para te amar.

( Antoní Tapies. Lectura. 1998)



Para te amar desço pelas palavras indizíveis e encontro o teu braço, ali, só o teu braço, sem o resto do teu corpo, ancoro-me no teu braço e a noite cai e a madrugada sucumbe e a manhã é o destino de um amor assim.
Para te amar desço pelas palavras inauditas e morro no teu abraço.
Talvez fosse mais simples amar-te se fosses olhos, se fosses boca, se fosses peito, mas não és, e assim, todos os dias desço as palavras, como quem desce uma calçada, e encontro o teu braço e amo-te.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Este é o novo modelo laboral (Beth Gibbons & Rustin Man - Candy Says @ Paleo 2003




Uma mulher de cinquenta anos desaba na minha frente, a absoluta impotência perante uma vida em lágrimas.
Foi despedida, a escassos dias do Natal, por se recusar a trabalhar oito horas por dia e receber apenas o equivalente a quatro horas, por não se disponibilizar a prestar todo o tipo de apoio, mesmo fora do âmbito das suas funções.
Este é o novo modelo laboral.
Este é o novo mundo, ou talvez seja uma remeniscência de um mundo velho, demasiado velho.
Pede-me uma ajuda que eu não consigo dar e um conselho que eu não sei dar.
Resta um abraço, e uma impotência mais forte que chuva.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

e vê lá lá se não sentes tudo tanto (Evi Vine - In This Moment)






Uma pessoa amiga telefona-me para cumprir o ritual das boas festas, vai dizendo, muito depressa e com muitas palavras, que este ano é tudo mais cedo porque vai viajar, e porque não está para aturar a família, e como não tem crianças não deve explicações a ninguém.
E por momentos ficamos em silêncio.
E lá vêm os conselhos, esta pessoa é sempre muito avisada e avisadora.
- E tu anima-te,e vê lá se não sentes tudo tanto!

Afinal qual é a missão da escola pública?(Renato Russo e Adriana Calcanhoto - Esquadros (1994)




Não é por acaso que defendo a educação como pedra basilar na construcção de uma sociedade mais justa, mais disponível para desenhar o futuro, para enfrentar o plúmbeo céu e despejar-lhe baldes de tinta garrida.
A escola deveria ser capaz de possibilitar o contrariar das adversidades socio-económicas das crianças, a escola, e muito mais a escola pública, deveria ser a bagagem necessária para superar as duras marcas das vidas menos fáceis.
Numa sociedade dita democrática e assente em princípios de equidade, a missão da escola pública não poderia perder o norte, as limitações sócio-económicas deveriam ser o sinal da sua imprescindibilidade, e não, a justificação para os fracassos, anunciados como destinos marcados desde demasiado cedo.
Num diálogo com um professor titular, por quem tenho muito respeito, trocamos impressões sobre várias crianças, focamo-nos na interação com o grupo, na disponibilidade para arriscar, na compreensão de instruções, na criatividade e imaginação,num determinado ponto da conversa fala-se uma criança específica. Sobre ela é dito que vem de uma família muito pobre, que o pai abandonou a casa e que a mãe trabalha nas limpezas todo o dia, vindo buscar a filha à escola por volta das seis horas, levando-a para casa, para cuidar dela até ter que voltar a sair para fazer limpezas em escritórios durante parte da noite, e nessa altura a criança fica entregue a uma avó quase analfabeta e que não a pode ajudar com os trabalhos de casa, por isso não haverá muito a fazer.
O discurso fatalista e camufladamente exclusivo é o reflexo do falhanço da política de educação, é o assumir das assimetrias como determinantes inultrapassáveis no percurso de uma criança.
Afinal para quem é a escola? para quem não precisa dela e pode aprender fora dela, com pais, de preferência professores, ou para quem só tem acesso aos conteúdos da escola se a frequentar e enquanto a frequenta?
A percepção das limitações das famílias deveria funcionar como motivo de reflexão por parte dos professores na forma como propõem as tarefas a realizar fora da escola, inequivocamente os trabalhos de casa deveriam ser realizáveis autonomamente pelas crianças e não serem uma convocação para que os pais completem as tarefas que a escola assumiu, constituindo-se assim como uma fonte de angustia e frustração, uma zona onde os afortunados serão sempre os afortunados e onde todos os outros serão sempre os fracassados. Enquanto a escola, e a escola pública ainda mais, agravarem as assimetrias em vez de as transporem, a vida das crianças que não ^tenham outros recursos vai manter-se condicionada, vai ser uma vida a prazo, de falhanço anunciado em falhanço anunciado até se consumar um abandono que na verdade foi ditado pelas fragilidades socioeconómicas, aquelas que deveriam ser acuteladas pelo famoso estado social.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As crianças pobres devem ostentar sorrisos assustados enquanto limpam o ranho a camisolas desbotadas e esburacadas, como convém.




As mulheres pobres usam sempre calças de malha castanhas às quais sobrpõem saias de fazenda preta. As mulheres pobres estendem roupa e sacos de plástico, em varais de pau. As mulheres pobres têm buço. As mulheres pobres parem filhos todos os nove meses para garantirem o abono. As mulheres pobres só dão bolos aos filhos. QUando chega a noite, as mulheres pobres vestem por cima da roupa que já trazem, um roupão turco e cheio de borbotos.
Os homens pobres, vestem sempre camisas de flanela quadriculada e por cima, camisolas de decote em V, daquelas que têm uma risca vermelha e outra branca na zona do colarinho. Os homens pobres passam os dias a mexer nos motores de carros que já não funcionam e que nem têm rodas, quando chega a noite, os homens pobres abrem a navalha e desbastam pequenos paus.
As crianças pobres vestem fatos de treino listados, ou calças de bombazine de canelado largo, em tons acastanhados e os seus sapatos nunca devem ter atacadores.As crianças pobres passam o dia na rua a jogar ``a bola com velhas latas e a limpar o ranho esverdeado a camisolas desbotadas e esburacadas. Quando cai, a noite as crianças pobres chupam pacotes de açucar nas tabernas.
Os velhos pobres, já foram crianças pobres, homens ou mulheres pobres e por isso sabem muito bem desempenhar os seus papéis de velhos pobres, cuspindo ruidosamente para o chão e bebendo, sem saberem se a noite antecede o dia ou se o dia clama p'la noite eterna.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Deixa-me ser muito velha, hoje. (Jacques Brel.J'arrive)


Peço-te, deixa-me ser muito velha, hoje, por hoje, hoje mesmo, envelhecida e mesmo até um bocado desgrenhada, com o cabelo amarrado, deixa-me enrolada naquele velho cardigan teu que comprámos na Escócia e que tu já não suportas, deixa-me a ler Whitman até que a lareira morra, enquanto bebo um chocolate quente temperado com whisky. Deixa-me ter gatos que fujam pelo telhado em fevereiro e só reapareçam em março. Deixa-me ser muito velha e muito eu, hoje, só hoje.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Marilyn Monroe Happy Birthday Mr President





Logo pela manhã, leio na parede virtual de uma Professora ( daquelas Professoras de sempre e para sempre), a frase:
"PARABÉNS, SENHOR PRESIDENTE!"
As poucas sinapses que ainda funcionam, disparam para a cultura anglo-saxónica, para os americanos, um presidente mantém o título, mesmo depois de abandonar o cargo. Por cá junta-se um prefixo que simboliza a perca de poder, ou pelo menos a perca dos poderes associados ao cargo em causa, ex-presidente, poderíamos agora divergir e divagar acerca das motivações que levam os americanos a manter o título sem as mordomias, e os portugueses a prefixar o título sem prejuízo das mordomias, mas esse não é o ponto deste texto.
Já a tarde ía alta e numa hesitação entre o chumbo e a luz ensurdecedora, quando dou por mim a cantar "HAppy Birthday, mr president", flashes intermitentes da Marilyn e do presidente J. F. Kennedy, e eu sem compreender de onde vinham.
É neste momento que compreendo o poder de um Ìcone. Um Ícone, é alguém que captura as frases mais simples e inócuas, subjugando-as ao seu poder, à sua imagem.
Não é possível dizer "HAppy Birthday, Mr. President", sem se ser invadido pelas imagens da Marilyn. Este é o poder de se tornar significante, ser a imagem que aparece associada a determinados significados, o verdadeiro poder mediático, mediúnico ou imediato. Tornar-se corpo de palavras banais pode parecer pouco importante, mas as palavras banais pronunciam-se com frequência muito superior às outras. e a cada banalidade, dispara na nossa mente um ícone, mesmo que a razão pura disso não se aperceba.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fingir a sério. the platters the great pretender 1955



Como já devo ter dito várias vezes, tenho a sorte de ser Professora de Educação pela Arte, numa escola pública num concelho da periferia de Lisboa, tenho sorte em ser, porque para além de aprender muitíssimo, ainda troco este labor por dinheiro, coisa que, nos aziagos dias que nos deram, não é de pouca importância.
Bom, mas larguemos as considerações e mergulhemos no momento que hoje fez do meu dia um DIA.
Numa turma com meninos de 2º ano(idades entre os 7 e os 9)estávamos a apresentar improvisações a partir de desenhos dos próprios, representando situaçoes de conflito e situações de harmonia entre animais. Este trabalho iniciou-se em setembro com uma proposta para que se desenhassem a si próprios como animais, salientado o que mais admiravam no animal que escolhessem, depois construíram uma máscara, simples, e durante algum tempo, trabalhámos técnica de máscara, primeiro sem som, só movimentos, observámos animais e os seus movimentos, tentámos imitá-los, e depois juntámos os sons, sons de animais, com modulação de voz mas sem palavras. Tem sido um trabalho que tem dado imenso gozo a todos, a eles a mim que tenho aprendido muito.
Hoje era dia de partilha de improvisações.
Na minha frente estavam dois meninos, um leão e um pinguim, de acordo com o desenho de um deles, o pinguim teria entrado na jaula do leão e o leão zangou-se muito a sério.
O pinguim é um menino de olhos doces, de porte maior que os outros colegas, o leão é o ás do futebol no intervalo. Entram os dois a sorrir e a brincar e fingem zangar-se,trocando palavras agressivas entre risinhos, paramos o exercício e questiono a turma sobre o que acábamos de ver; levantam-se vários braços, questionam a verdade daquele encontro, alguns criticam a forma como a zanga se processa:
- Os animais não se zangam com palavras! (diz uma menina, dou tempo e intervenho, para perguntar se os animais nunca podem falar, um rapaz vivo, salta do lugar e grita:
-Nás fábulas, Profª Rita, nas fábulas os animais falam
- É verdade, nas fábulas os animais falam, mas não devem perder a atitude de animais, o andar de animais, o rugir do leão.(digo eu)
O exercício é repetido, após vários comentários.
O Pinguim entra com o seu andar tonto e desajeitado, o leão salta-lhe em cima num rugido animalesco e atira-se a ele. O Pinguim fica a sangrar do nariz e o exercício é interrompido. Socorrido o menino/pinguim, é retomado o circulo, faço-lhes ver que é um momento sério, peço-lhes que pensemos em conjunto para compreender o que aconteceu.
Um dos meninos diz que o colega que fez de leão foi cruel para o o pinguim, outro acusa o colega de ter exagerado na violência, um outro encaminha a discussão para o lugar certo:
- Ele só estava a fazer o papel dele e levou o papel muito a sério, ele não o queria magoar.
Um outro traz a palavra justa para continuarmos a conversar:
-Ele esqueceu-se que era para fingir, e fez mesmo a sério.
E são eles que estabelecem a diferença entre o fingimento e a realidade, e daí derivam para a diferença entre fingir a fingir e fingir a sério, e pronto, lá vem a convenção teatral, a invisível rede de segurança, aquela que nos permite brincar( play)aos mortos e caçadores e ter a certeza que no fim do jogo, tudo volta ser como antes ( pelo menos aparentemente, e isto eu ainda não lhes contei...)

domingo, 2 de dezembro de 2012

A Band Of Buriers - Slides By (Official Video)




Amarro cada palavra a uma pequena fita, para quando a memória já não souber deste amor, as palavras amarradas na fita saibam o caminho de volta e nos levem até à pequena casa, na orla da floresta que tu inventaste e onde eu habito sem mais mundo para além de um nós, um tronco à lareira e um pão no forno.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Natal não é quando um homem quiser.(Maria Ana Bobone - Josè embala o menino)





O meu filho de oito anos chegou a casa com um texto para estudar, sobre uma família que comemorava o Natal em qualquer época do ano, dependendo da quantidade de dinheiro que o Pai tivesse nos bolsos. A dita família era apresentada como rebelde e o título do texto era "Natal é quando um homem quiser", claro que no final a família sucumbia à pressão social e acabava a comemorar o Natal em Dezembro, apenas para evitar dissabores às crianças na escola e no confronto com os outros meninos.
O texto tirou-me do sério, o Natal não é quando um homem quiser, não o Natal não dependende da quantidade de dinheiro nos bolsos dos pais.
Começa hoje o Advento, um tempo de preparação para o Natal, tão importante para viver o Natal como o é a Quaresma para viver a Páscoa. Estes acontecimentos do calendário cristão dialogam, ainda que durante muito tempo o diáologo tenha sido silenciado, estes momentos do calendário religioso são estruturação de outros que decorrem dos ciclos da Natureza, os ciclos da Natureza e os momentos religiosos foram durante séculos os eixos das vidas humanas, mas o homem quis-se deus, sequestrou a natureza e abandonou os deuses, hoje é refém da ausência de eixos, ciclos, rituais, festas e outros mundos que não se compram nem se esgotam nos bolsos de niguém.