quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Será provocação?



O ponto de abjecção a que a política chegou, leva-me a suspeitar de que os nossos decadentes representantes são afinal os nossos maiores aliados contra o fim da democracia.

Insana suspeição?
Não me parece, na verdade, que outro propósito poderiam ter estes cavalheiros e estas damas senão espicaçar-nos, sacudir-nos violentamente até que tomemos consciência que não se anuncia apenas o fim do estado social mas o fim do estado tal como o concebemos, e com o fim do estado virá o fim das nações e com o fim das nações virão os governos corporativos globais, e com eles uma repressão do individuo não cooperante à escala planetária.

Agradeço profundamente as trapalhadas, as mentiras, as negociatas, as propostas indecorosas, a austeridade brutal, o aumento do desemprego, a falta de expectativas,  os swaps as pps e as pqps, e toda a sorte de tripalium  que vos lembrardes.
Foi penoso e demorado mas compreendi, vós sois mensageiros do bem, mas estais impedidos de falar abertamente, de nos alertardes de forma simples, por isso haveis recorrido a esta ardilosa manobra, conduzir-nos ao abismo, para nos despertardes do secular torpor.
Na verdade, sois os primeiros a ansiar pela nossa revolta.
Mas nós distraídos e pequeninos interpretámos as vossas piedosas intenções como desastres, ai de nós, perdoai-nos!!!

http://expresso.sapo.pt/ministro-rui-machete-disponivel-para-esclarecer-erro-involuntario-dia-8-no-parlamento=f832286

http://www.publico.pt/economia/noticia/troca-de-emails-confirma-que-maria-luis-albuquerque-sabia-dos-swaps-1601306



http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=682521&tm=6&layout=122&visual=61

Há quanto tempo não vias o mar





- Há quanto tempo não vias o mar?
- Há algum.
- Por alguma razão?
- Por quebra na
coragem para tourear as vagas.
- E o que fazias quando não vias o mar?
- Coisas.
- Coisas?
- Mexia-me compassadamente entre dois pontos, num vaivém pendular.
- Não compreendo.
- Nem eu.
- Mas mesmo assim fazia-lo?
- O fazer coisas não implica a sua compreensão.
- Então o que é que implica compreensão?
- Ser capaz de ver o mar.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

A ética do macaco velho





A ética  dominante em Portugal é a Ética do Macaco Velho.
Após uma nada aprofundada pesquisa, creio  não existir  bibliografia  que permita aos desavisados iniciarem a sua educação,  existiram alguns mestres nesta disciplina, que deveria ser estruturante no sistema educativo, o método pedagógico apropriado é o "Observa e imita".
O Macaco Velho não reflecte sobre as consequências futuras dos seus actos, garantir a banana, é o seu mote, a banana pode até ser pilhada, mas quem a come  torna-se seu dono, por uso comilão.
O próprio sistema jurídico foi construído para ser esburacado pelos Macacos Velhos, há sempre uma saída mesmo que não seja airosa e  implique malabarismos. Nada é definitivo.
Para o Macaco Velho as leis e as disposições são sempre contornáveis.
Uma das frases tipo do Macaco Velho é :
- Tem que haver uma forma de dar a volta a isso.
Traduzindo: a lei pode até impedir alguns actos mas com algum artifício linguístico é possível contorná-la.
O Macaco Velho pilha e embrulha de novo, para se escapar à justiça, o Macaco Velho cuida que assim, de ramo em ramo, se revela como verdadeiro dono da selva.
O Macaco Velho não sofre de insónias nem tem consciências gritantes dentro de si, os guinchos agudos e desarmoniosos são exibidos como demonstração de poder.
Este símio julga que a fatiota humana lhe basta para se confundir com um homem, e na verdade tem-lhe sido mais que suficiente.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013



e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
 e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho
e tropeçava e caía e estatelada no chão invocava forças telúricas para retomar o caminho



http://www.youtube.com/watch?v=wRe2ObIpm0k

domingo, 8 de setembro de 2013

What's wrong with us?





Esta notícia http://www.theguardian.com/politics/2013/sep/06/uk-lowest-paid-classed-not-working-enough, remete para uma patologia social evidenciando a ideologia que enquadra e sustenta. a reforma que vem implementando a austeridade em golfadas.

Estamos perante um mundo onde não é culposo ser inexplicavelmente rico mas onde se torna perigoso ser explicitamente pobre.

Para compreender tudo o que está para além da notícia convém acrescentar alguns dados.


A desigualdade na distribuição da riqueza é um problema que julgávamos fazer parte do universo dos outros países, das américas latinas das africas em vias de desenvolvimento, mas não da civilizada europa, nem do farol  americano da democracia.
A realidade recente tem vindo a destapar as intenções e os caminhos de um mundo regulado pela ideia de lucro.
Quando o lucro governa, sem amo nem senhor, as almas insaciáveis, olvidam a  porção de humanidade que lhes permite absorver luz, e enganadas, como traças na noite, acorrem para a luz do metal brilhante sem cuidarem que assim encontrarão apenas a morte.
O deus lucro submete a beleza, subverte a ética, perverte a moral e destrói a empatia.
Na notícia acima citada existem várias falácias merecedoras de desmontagem. 
A ideia de que a um baixo rendimento corresponde um fraco desempenho, um esforço menor.
A questão resolvia-se com uma abordagem mais honesta, com perguntas que remetessem menos para a culpabilização de quem está em situação de pobreza e mais para a aferição da exigência de que a um trabalho correspondesse um salário que garantisse a dignidade de quem o aufere e a manutenção da sua família, foi para isso que se inventou a ideia do salário mínimo.
Talvez também fosse possível verificar se estas pessoas que vão ganhar a estrela dourada da pobreza por mérito próprio, trabalham, ou não, jornadas completas, e se caso não o façam se têm famílias para cuidar, menores a cargo ou ascendentes em situação de dependência.
Talvez fosse igualmente simples listar as empresas/instituições que contratam pessoas para lhes pagar abaixo do limiar aceitável, e a essas sim, marcá-las, a ferros se possível.
Além de tudo compreende-se que a intenção punitiva se vai reflectir não só numa estigmatização social, a classe das pessoas que não trabalham o suficiente, mas também no corte de apoios económicos e sociais a estas pessoas, e é aqui que reside a intenção directa, eliminar gastos com o estado social, transformando-os em acções moralizadoras que criem grupos/ classes de pessoas menos merecedoras de dignidade existencial.
Enquanto o coro se for virando contra os mais frágeis pairará a neblina sobre os mais fortes, transferindo as responsabilidades que deveriam ser-lhes imputadas por terem poderes decisórios, para aqueles sobre quem recaem as consequências dessas mesmas decisões.
A pobreza entre as pessoas que trabalham tem vindo a aumentar, o que deveria chocar estados, gentes e deuses, mas não, num passo de ilusionismo social, consegue criar-se uma ideia de que a culpa é individual e de que estas pessoas, ao invés de estarem a ser exploradas e a ganhar de menos, estão é a trabalhar pouco e por isso roubam os recursos públicos, através de esquemas reprováveis, e como tal merecem o castigo e tudo o que as mentes retorcidas lhes aprouver.
Estaremos mesmo todos a perder o sentido da justiça social? 
Será esta uma invenção?
Será um entrave ao progresso ?
Para muitos deveria ser uma ideia em extinção, como persiste é preciso exterminá-la antes que volte os olhos para a desigualdade na distribuição da riqueza quando se pretende mantê-los focados na igualdade com que se quer distribuir a pobreza.





domingo, 1 de setembro de 2013

Repleto de advérbios de modo Chegará o recomeço

http://www.youtube.com/watch?v=92a7mTNBqJI


Repleto de advérbios de modo
Chegará o recomeço
Sem promessas que os dias são de ocaso
sem ideais que as manhãs ao pão pertencem
sem lonjura que o quintal desemboca no muro
sem raiva que o negrume traz-se nas mãos
e o tempo há-de oferecer-nos chuva
e o mar há-de encapelar-se uma e outra vez
e na enseada que não o é,
aguardarei o desmoronar dos dias longos.