sábado, 12 de julho de 2014

tenho por hábito falhar



Tenho por hábito falhar
(palavras submersas para um filho adulto)

Troquei o regaço pelo regato e mergulhei
desaguarei quando vencer o lodo
espera-me numa qualquer orla
mesmo sem me veres.
posso não chegar
tenho por hábito falhar portos
tenho por hábito falhar
tenho por hábito falhar
arrancarei avencas no regato para te levar
descerei a correnteza de mão cerradas
posso não chegar
que o regato é traiçoeiro
e o mar é aberto
e eu tenho por hábito falhar.
Henri Le Sidaner.






https://www.youtube.com/watch?v=1k_DF_RohcM
 

4 comentários:

  1. Só quem por hábito falhar é capaz de um post (poema) tão conseguido na vertigem da corrente.
    E depois há a música que flui, de Charlie Haden.

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    1. JRD. Há sobretudo o Charlie Haden.
      Grata sou pela atenção.
      Rita Tormenta

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  2. É por esta espantosa forma de sentir que não deixo, teimosamente, de vir aqui, uma vez e outra, e outra, e outra ainda.
    Obrigada pelo Charlie Haden.

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