Quando um acontecimento/ facto abala a relação de forças entre vitoriosos e derrotados, poderosos e submetidos, é um bom momento para reflectir acerca da perspectiva validada pela comunidade sobre ética e moral.
Enquanto a Ética trata do Bem e do Mal, a Moral ocupa-se do Certo do Errado, a produção da ética é a reflexão e a da moral a acção.
Se me aventuro por terras que não são minhas é porque a mente dispara memórias recentes de discursos proferidos por figuras conhecidas, repletos de culpas, castigos merecidos, dedos em riste, pretensões de superioridade moral e desprezo congénito.
Quem são os moralizadores mais escutados, que moral os rege, que ética os sustenta?
Como suportaríamos, na nossa comunidade e no tempo presente, a noção de "Vida boa, com e para os outros, em instituições justas"?
Que perguntas teriam resposta fundamentada através de acções que traduzissem a moral que nos rege?
Esta ausência de questionamento dissociou a prática da moral, ora a moral não é senão a ética em acção, portanto, deveria ser o seu corpo, daí que , ou a moral se alterou sem uma consciência colectiva que a tivesse validado ou então a prática denuncia uma moral que poucos se atreveriam a verbalizar ainda que ajam em concordância.
Dir-me-ão que os tempos sempre foram turvos e que a distância entre o verbo e o gesto sempre reflectiu a necessidade de um código moral e de sua regulação e vigilância através da lei e da sua aplicação mas eu não habito outro tempo que não o meu e digo-vos que se me questionassem não saberia atestar onde está o Bem ( ética) e o Certo(moral) pois há em em mim um abismo de onde não sei sair sem recorrer a Manchaeus, e este retrocesso depois de bebedeiras niilistas e aspirações cépticas é aterrador.
Oiço o riso das hienas com o mesmo nojo com que ouvi as lições de moral dos invertebrados.