A indiferença à dor.
Sou de sobressaltos mediterrânicos com ecos de cigana, cheiro a mangericão e lamentos mortais de finais de ópera.
Se guardasse uma faca na liga haveria de a brandir qual fadista imaginária.
Da tempestade do meu nome conheço um tumulto de mar encapelado sem promessa de bonança.
Mas a idade, o cansaço, e as lutas perdidas estão a deixar-me numa apatia de paquiderme e parasita.
A dor não alimenta a raiva por muito tempo, ao fim de alguns golpes o corpo endurece e a alma fecha-se, silenciados os ais sobram tempos lentos e graves. Cuidei que este fosse o tempo da pacificação, desejei esta transformação como quem espera pelo sol. Um cabelo que se acinzenta numa alma que se aquieta.
https://www.youtube.com/watch?v=01Q8o4X0MKY
John Everett Millais |
Assim deve ser, aquietarmo-nos ainda que num apaziguamento dorido. Difícil, não impossível.
ResponderEliminarResta saber se é uma desistência ou uma aceitação.
EliminarBom dia.