quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A minha Avó afinal sabe coisas! José Afonso - "Ó minha amora madura" do disco "Eu vou ser como a toupeir...
Na semana passada estava a cantar com os meus alunos, e como na semana anterior já tinha contado uma história a partir das recolhas do Teófilo Braga, coisa que já fazemos desde o ano lectivo anterior, decidi falar-lhes sobre tradição oral, e lá fomos nós a falar sobre Portugal ( desenhado por mim no quadro, por não encontrar aqueles mapas antigos que havia no meu tempo em todas as escolas), para falar de tradição oral chamei à conversa os avós dos meus alunos, de onde vinham, onde viviam, e o que tinham para contar. E lá fomos desmanchando palavras difícieis daquelas que eles gostam de repetir e que já se habituaram a pedir: -Ó profª Rita, podes desmontar essa palavra? Tradição Oral. Nisto, Uma menina disse-me, entre a vergonha e a pena, que a avó não lhe podia dizer nada pois a avó nada sabia por não ter ido à escola em pequenina. Os pais tinham-na avisado que não pedisse ajuda à avó para fazer os trabalhos de casa, a avó até sabia fazer contas mas só de cabeça porque não sabia escrever os números. E lá fomos nós desmontando a tradição oral, comigo a dizer-lhe que a avó saberia decerto cantigas ou histórias dos tempos de pequenina, dos tempos antes da televisão. ( este foi o grande espanto, como passar uma noite sem televisão, a fazer o quê?) Nesta semana, nova aula, e volto a lembrar a tradição oral, desta vez só para não deixar no vazio o trabalho anterior, a menina da avó que não sabia nada, põe o dedo no ar, dou-lhe a palavra: -Prof.ª Rita, a minha avó afinal sabe coisas! Eu cantei-lhe a canção do limoeiro e ela até sabia outra parte, e eu escrevi e trouxe-te. (naquele momento apeteceu-me pregar-lhe um beijo, a quadra escrita por ela e ditada pela avó vinha cheia de erros, mas valeu por centenas de páginas de teorias por viver).
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