quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Se as fundações estiverem em ruína, seremos nós capazes de as suportar?




À medida que os dias passam a sombria perspectiva de um desmoronamento ganha consistência, estamos perante uma viragem de agulhas repentina e dissecante.
O país é um ser de peito aberto sobre uma mesa cirurgica, infelizmente os cirurgiões estavam indisponíveis, compareceram os carniceiros e os loucos sanguinários.
A operação em curso carece de legitimidade, o paciente está inconsciente e aqueles que se apresentam como família são abutres de ocasião.
A indiferença colectiva como que recebemos todas as notícias leva-me a questionar até que ponto compreendemos verdadeiramente o que está em causa.
Demolir o estado, destruir as instituições não conduz ao paraíso liberal, um lugar mágico onde tudo funciona, porque cada um é forçado a competir com todos os outros, desenganemo-nos, demolir o estado, arrasar as instituições, e relegar todos os que nelas participam para o papel de indigentes, conduz à barbárie, o senso de auto-preservação, a necessidade garantir a sobrevivência, num modelo não solidário, nem comprometido com o outro, leva-nos a fechar circulos, dentro do circulo estão os meus, no lado de fora estarão os outros. E é o que já começa a espreitar, cada um por si, salve-se quem puder.
Se estivéssemos todos comprometidos com a fundação do edifício que habitamos, talvez compreendessemos que a falência das instituições não se resolve com clones privados dessas mesmas instituições, é como acreditar que o céu pintado num tecto em trompe L'oeil é o verdadeiro paraíso.
Daqui para a frente deveríamos questionar-mo-nos, individual e verdadeiramente, acerca das nossas pertenças, acerca da nossa cidadania, acerca do grau de envolvimento físico que estamos disponíveis para empregar na recuperação das fundações do estado social, do estado e da sociedade. Quantos de nós estariamos prontos para assegurar o funcionamento de escolas?, dos hospitais? dos lares, da regulação do trânsito, da recolha do lixo, da manutenção da ordem pública? e um sem número de funções que ainda são asseguradas pelo estado. Até que ponto emprestaríamos as nossas mãos e a nossa alma, os nossos conhecimentos, a nossa experiência profissional, para evitar o colapso da construção do bem comum?

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