A pergunta foi feita perante uma plateia de professores, uma linha imaginária separaria aqueles que responderiam sim daqueles que responderiam não.
Saltei para o lado do não. A coisa ficou a moer por dentro mas assumi a escolha.
Tenho os meus alunos sob controlo, sim ou não?
Não, jamais, nem pensar.
A ideia de ter alguém sob controlo adoece-me, saltam-me imagens de mãos por dentro do cérebro a remexerem sem pudor, fios, marionetas e amestramentos.
Um professor deve ter a sua aula sob controlo, e não os seus alunos. Ter uma aula sob controlo implica ter um planeamento mas saber incorporar a ruptura, reconhecer que onde existam pessoas existe caos, um caos que à distância pode até possuir a aparência tranquila e bela beleza semelhante aquela que um céu estrelado nos oferece, numa noite cristalina, mas sem esquecer que para lá da aparente tranquilidade, existe destruição, explosões, mortes, brilhos ofuscantes e ruído. Não quer isto dizer que defenda a ausência de normas, as normas promovem um relacionamento civilizado entre seres humanos, evitando o confronto permanente.
Daí até à presunção de ter os alunos controlados vai um longo caminho, cada aluno/a é um universo, e não o digo como corolário embelezador, na verdade um universo é algo igualmente belo e angustiante, é nesta dualidade que inscrevo a minha afirmação. Não, eu não tenho nada sob controlo, as particulas atómicas explodem sem o meu consentimento e isso não me preocupa, certos dias exaspera-me, noutros espanta-me.