E, aquele
que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.
Manoel de Barros
Narro-me de trás p'rá frente, e não é uma metáfora, é ilustrativo.Foram precisas décadas para descer ao poço.Na superfície, deixei-me gazela sacrificial degolada.No fundo do meu poço estava o meu nome e um punhado de pessoas que comigo o partilhavam.E um dia, depois de ter filhos, tive irmãos, muitos e maiores do que eu, e a frátria que me era uma terra desconhecida, passou a ser uma terra quente mesmo mantendo a distância, nasceram-me oito irmãos como num trangolomangolo ao contrário.E nasceu-me um pai morto e morreram alguns vivos que antes tinham nome e o perderam.E o tempo perdeu a linha e elipsou-se numa verdade desprovida de verosimilhança, e desde então procuro rectas que nunca o foram e perco-me em galerias ascendentes e descendentes, o tempo que não tinha começado até há alguns anos, aguarda agora um desfecho para se sincronizar com o tempo contado nos relógios e nos calendários.(http://www.youtube.com/watch?v=dTADU0iMnF4)
Excelente!
ResponderEliminarQuando avançamos rumo ao passado encontramos o que podíamos ter evitado.
Evitar o passado não está ao alcance de quem nele não agiu.
EliminarObrigada por regressar.
Boa Semana.
A descida nunca é solitária, nem inócua, e muito menos inofensiva.
ResponderEliminarAcompanham-nos sombras, vazios, amanhãs transfigurados em ontens.
A gazela cumpriu-se.
O destino da gazela é um só.
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