sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Ilhas.
Que águas turvas escondem as verdades dos homens?
A estas águas claras acostam dáriamente centenas de anónimos, fogem da fome, das improbabilidades do futuro, das guerras, das enormidades e das monstruosidades adversas.
Atiram-se para barcaças, corpos sobre corpos, falta-lhes o e ar a água, mas alimentam-se de esperanças, muitos morrem antes de aportarem.
Imaginam aliados, rostos compreensivos, braços abertos, agasalhos, refeições quentes e seres humanos.
Mas as ilhas do descontentamento, albergam medos, povoadas por zelosos vigilantes, recebem estes viajantes do desespero com o desprezo anónimo, ilegais, sem histórias para contar, apenas mais uns a enxotar, sem rosto ou nome, são devolvidos ao mar, o mar que os carregue, que aqui já há muita desgraça, não precisamos da desgraça dos outros.
Com a desgraça dos outros posso eu bem.
Mães e crianças morrem mais.
Os braços inúteis contra a fome, contra o desemprego, as mãos estendidas em forma de concha, em busca de respostas de quem lhes acenou com a democracia mas que se esquiva no alimentar da esperança.
A Europa ainda tem muito a aprender.
Lampedusa não é um destino de férias, é o depósito de vidas que arriscam deixarem de o ser para escaparem ao determinismo.
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