segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Homem ao mar

                                               
                                             "o naufrágio" Maria Helena Vieira da Silva


                Não quero palavras, nem as quero ver rodopiar como malabares.
                Se o pai do menino morto e desaguado na praia era traficante, se entre os inocentes caminham perversos, se a religião deles dominará a europa, se os auxílios negados aos gregos forem agora entregues aos sírios, se as fronteiras protegem ou aprisionam, se a fome é razão válida para pedir protecção, e toda a colecção de ses que o espírito assustado conseguir produzir.
                 Ficam as perguntas de um dos meus filhos mais novos:
                 - O que é uma pessoa ilegal, nasceu sem autorização de quem?




       (https://www.youtube.com/watch?v=cNpCx_TDO24)
   
             

domingo, 10 de maio de 2015

Estar às ordens da noite.

The orders of the night.
Anselm Kiefer










Quando é que abandonámos o desejo ?
Em que momento escolhemos a morte?
Porque nos prostrámos perante as forças da noite?
Será esta desistência uma consciência aguda do provável colapso civilizacional?Como se pode narrar a um filho que a vida dos humanos tem valor diferente dependendo do lugar onde se  nasceu?
Como dizer-lhe que alguns humanos acham possível deixar morrer outros humanos afogados num mar sem esperança para lhes ensinar a não desejarem fugir da morte e da guerra e da fome e da tortura?
Que caminho é este onde a centelha individual só brilha se houver dinheiro para o azeite de uma lamparina falsa?
Quem são os inúteis?
Quanto vale  aquilo que nada vale e quanto vale o que dizem ser valioso?


















domingo, 12 de abril de 2015

o lugar da misericódia

Georges Rouault.


Pedir misericórdia.
uma suspensão das rígidas regras
permanecer de pé apoiado.
Pedir misericórdia
o pequeno punhal
misericórdia
o lugar da misericórdia

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A indiferença à dor.



A indiferença à dor.

Sou de sobressaltos mediterrânicos com ecos de cigana, cheiro a mangericão e lamentos mortais de finais de ópera.
Se guardasse uma faca na liga haveria de a brandir qual fadista imaginária.
Da tempestade do meu nome conheço um tumulto de mar encapelado sem promessa de bonança.
Mas a idade, o cansaço, e as lutas perdidas estão a deixar-me numa apatia de paquiderme e parasita.
A dor não alimenta a raiva por muito tempo, ao fim de alguns golpes o corpo endurece e a alma fecha-se,  silenciados os ais sobram tempos lentos e graves. Cuidei que este fosse o tempo da pacificação, desejei esta transformação como quem espera pelo sol. Um cabelo que se acinzenta numa alma que se aquieta.

https://www.youtube.com/watch?v=01Q8o4X0MKY
John Everett Millais

sábado, 4 de abril de 2015

segunda-feira, 2 de março de 2015