quarta-feira, 10 de julho de 2013

Beth Gibbons - Resolve





Há no amor burguês um compromisso social claro, este compromisso é o  cimento social sobre o qual a sociedade burguesa se manteve e  se perpetuou.
Existem regras bastante claras para participar neste esquema e convenhamos que quem nele se move e é bem sucedido, nem sequer questiona a verdade interior e o seu valor.
Apresentar-se sorridente, enumerar pequenos feitos dos pequenos infantes,conquistas materiais, comparar discreta mas claramente, todas as posses, exibir criancinhas aprumadas, mulheres enfeitadas e homens com relógios possantes, carreiras narráveis e colecções de objectos/trunfos.
 Claro que dependendo do degrau da burguesia em causa, estas exibições podem ser mais ou menos estridentes, com maior ou menor grau de bom gosto, acompanhadas por actozinhos de contrição e conversinhas sobre voluntariado junto dos pobrezinhos, no fundo interessa é exibir o tamanho do pénis, e perdoem-me os mais sensíveis, mas a hipocrisia reinante nesta faixa da sociedade é-me repelente.
São gerações após gerações a serem preparadas para a pequena mentira, para a pequena omissão, para o desprezo por aqueles que não cumprem os requisitos formais, gerações e gerações educadas a catalogar o outro mesmo antes de o conhecer, melhor, sobretudo antes de sequer conhecer o outro, treina-se um julgamento à priori, baseado em critérios definidos e definitivos.
Estas características são o garante da manutenção de uma classe que se deseja e comporta com uma superioridade alucinante.
Nestes círculos ninguém é abraçado por estar a passar um mau bocado, estes lobos escorraçam o lobo doente, nestes círculos as festas acabam quando os pénis deixam de poder ser comparados, ou quando a comparação se torna obscena pela pujança viagrense de uns face à tristeza diminuta e natural de outros.
Falta-lhes e faltar-lhes-á sempre a beleza simples de um linho branco e de um pão amassado e partilhado.


Um silvado distante confirma a morte.

http://youtu.be/8KCXn9yenHQ

Amar é uma declaração da vontade de estar no presente
Pode amar-se um passado mas só em silêncio e memória
Amar é sempre hoje.

domingo, 7 de julho de 2013

A sinceridade e a emoção como fontes de instabilidade.(dedicatória especial ao mais recente casal por conveniência)




                                            http://youtu.be/aF32tk9r62g


                        Introduzir a equação amor num sistema familiar implica incorporar riscos tóxicos.
                        As famílias estruturaram-se durante milhares de anos a partir de outras premissas, premissas funcionais e não emocionais. O casamento era uma forma de promover coesão social, de implicar os seus intervenientes na defesa de territórios, bens e pessoas.
O Pater familias representaria esse eixo estruturante em torno do qual o clã, se uniria, fosse para se matarem ou para sobreviverem.
O Amor era uma outra coisa, uma febre dos fenos, daquelas que se curavam longe de casa.
                      O produto destes casamentos, fossem bens ou filhos ( a diferença não era significativa)  serviria para manter a continuidade de um esquema de sobrevivência, conveniência e estabilidade formal.
É a entrada do amor nesta lógica que vem desestruturar as famílias,  ao amor vem associada a inquietação, a duvida, querer saber o que o outro sente, querer saber como o outro sente, nada disto é funcional.
Os filhos e as mulheres  deixaram de ser propriedade dos seus pais e maridos e passaram a ter identidade, personalidade, e essas identidades chocam umas com as outras, num sistema cuja funcionalidade se questiona pelo menos desde os anos 60 do século XX.
Abandonado o formalismo, a família mergulhou num drama que é demasiado subjectivo para ter uma solução evidente.
Aquilo que cada um sente é a sua verdade, a funcionalidade de um sistema é assegurada pela sua racionalidade, amar é sempre irracional.
O formalismo protegia as pessoas das expectativas, não seria expectável, em pleno século XIX um jovem ser compreendido pela sua família(salvo raras excepções), que uma mulher tivesse suporte para afirmar a sua identidade( mais uma vez salvo raras excepções) ou que um homem revelasse o que lhe ia na alma. Excluindo as emoções, os casamentos foram estruturas capazes de manter sociedades funcionais.

((dedicatória especial ao mais recente casal por conveniência)

sábado, 6 de julho de 2013

o regresso à escravidão.

http://youtu.be/i-X6x7mj81g



Este é o tempo ideal para os predadores de homens 
Culpabilizando as aspirações
recusando a dignidade.
Uma força de trabalho fragilizada e dependente,
dívidas colaterais, futuros interrompidos.
Abutres, hienas e gaivotas, proliferam.
Fica-me uma dúvida, quais as características de adaptabilidade dos seres mais antigos do planeta terra?

( Fotografia de Rachel Sussman / The oldest living things in the world)


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Fiona Apple - I Want You (Live)



http://youtu.be/99X1GPQRFrU

A tontura desvia o raciocínio
Encontro-te num canto improvável
A lógica desfavorece-nos.
a brisa salvífica reconduz a mente.
não pronuncio o nome, não te nomeio
assim permaneces por amar
assim permaneces improvável
invades a lógica, derrubas o raciocínio
reencontro-te na minha pele
ainda por nomear, ainda por amar.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Olhos abertos






Podia cerrá-los

http://youtu.be/LD137cd7Cw0

Depeche Mode - A Question Of Time (Remastered Video)

Esta notícia, http://www.precariosinflexiveis.org/?p=7334, revela, ou despe, ainda mais as intenções de todo este redesenho sócio-económico, após décadas de incentivo ao consumo, assentando esse incentivo numa retórica de defesa da economia, agora as populações são intimadas a não sobreviver.
Impedidas de promoverem alternativas aos canais de consumo, controladas, manietadas e esfomeadas, as pessoas vão transbordar, e esse transbordar, numa ira contra partidos e políticos, vai validar uma nova ordem, imposta à força, um controlo que não se sujeitará a escrutínios.
A violência da rua trará  consigo as soluções antidemocráticas.