segunda-feira, 25 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
O Velho, o desafortunado e as crianças.
domingo, 27 de julho de 2014
As Lições de moral dos invertebrados. A ética segundo as hienas.
Quando um acontecimento/ facto abala a relação de forças entre vitoriosos e derrotados, poderosos e submetidos, é um bom momento para reflectir acerca da perspectiva validada pela comunidade sobre ética e moral.
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Enquanto a Ética trata do Bem e do Mal, a Moral ocupa-se do Certo do Errado, a produção da ética é a reflexão e a da moral a acção.
Se me aventuro por terras que não são minhas é porque a mente dispara memórias recentes de discursos proferidos por figuras conhecidas, repletos de culpas, castigos merecidos, dedos em riste, pretensões de superioridade moral e desprezo congénito.
Quem são os moralizadores mais escutados, que moral os rege, que ética os sustenta?
Como suportaríamos, na nossa comunidade e no tempo presente, a noção de "Vida boa, com e para os outros, em instituições justas"?
Que perguntas teriam resposta fundamentada através de acções que traduzissem a moral que nos rege?
Esta ausência de questionamento dissociou a prática da moral, ora a moral não é senão a ética em acção, portanto, deveria ser o seu corpo, daí que , ou a moral se alterou sem uma consciência colectiva que a tivesse validado ou então a prática denuncia uma moral que poucos se atreveriam a verbalizar ainda que ajam em concordância.
Dir-me-ão que os tempos sempre foram turvos e que a distância entre o verbo e o gesto sempre reflectiu a necessidade de um código moral e de sua regulação e vigilância através da lei e da sua aplicação mas eu não habito outro tempo que não o meu e digo-vos que se me questionassem não saberia atestar onde está o Bem ( ética) e o Certo(moral) pois há em em mim um abismo de onde não sei sair sem recorrer a Manchaeus, e este retrocesso depois de bebedeiras niilistas e aspirações cépticas é aterrador.
Oiço o riso das hienas com o mesmo nojo com que ouvi as lições de moral dos invertebrados.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
A matéria das madrugadas
terça-feira, 15 de julho de 2014
Desendeusaram-nos o mundo.
sábado, 12 de julho de 2014
tenho por hábito falhar
Tenho por hábito falhar
(palavras submersas para um filho adulto)
Troquei o regaço pelo regato e mergulhei
desaguarei quando vencer o lodo
espera-me numa qualquer orla
mesmo sem me veres.
posso não chegar
tenho por hábito falhar portos
tenho por hábito falhar
tenho por hábito falhar
arrancarei avencas no regato para te levar
descerei a correnteza de mão cerradas
posso não chegar
que o regato é traiçoeiro
e o mar é aberto
e eu tenho por hábito falhar.
Henri Le Sidaner. |
https://www.youtube.com/watch?v=1k_DF_RohcM
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Reféns da chuva.
Não fora a chuva e teria perdido aquele pedaço de vida dos outros.
O carro parado, o trânsito cerrado, ou seria ao contrário.
O tempo parecia congelado, nada se movimentava.
Dentro do carro verde seguiam quatro pessoas.
Um homem conduzia, uma mulher ao seu lado, duas crianças no banco de trás.
O homem tamborilava no volante, a mulher soltava e prendia repetidas vezes o cabelo.
As crianças trocavam de lugar, parecia um jogo.
O homem roía as unhas, a mulher mordiscava uma maçã verde, as crianças guerreavam.
A chuva mantinha-nos a todos reféns de um tempo sem narrativa.
O homem acende um cigarro, as janelas do carro permanecem fechadas, as crianças batem no ombro do pai, a mulher vira a cara, no sentido contrário ao do homem e cerra os olhos com visível força.
Do lado de cá, no passeio, invade-me uma estúpida vontade de correr até aquele carro, abrir portas e deixar sair os sufocados. A convenção mantém a distância higiénica.
O homem abre a janela, as crianças esticam as mãos para fora do vidro, a mulher tapa a cara com as duas mãos.
Um autocarro avança sobre as poças e o sequestro acaba.
https://www.youtube.com/watch?v=2sZzJAxfD-4
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