domingo, 7 de julho de 2013
A sinceridade e a emoção como fontes de instabilidade.(dedicatória especial ao mais recente casal por conveniência)
http://youtu.be/aF32tk9r62g
Introduzir a equação amor num sistema familiar implica incorporar riscos tóxicos.
As famílias estruturaram-se durante milhares de anos a partir de outras premissas, premissas funcionais e não emocionais. O casamento era uma forma de promover coesão social, de implicar os seus intervenientes na defesa de territórios, bens e pessoas.
O Pater familias representaria esse eixo estruturante em torno do qual o clã, se uniria, fosse para se matarem ou para sobreviverem.
O Amor era uma outra coisa, uma febre dos fenos, daquelas que se curavam longe de casa.
O produto destes casamentos, fossem bens ou filhos ( a diferença não era significativa) serviria para manter a continuidade de um esquema de sobrevivência, conveniência e estabilidade formal.
É a entrada do amor nesta lógica que vem desestruturar as famílias, ao amor vem associada a inquietação, a duvida, querer saber o que o outro sente, querer saber como o outro sente, nada disto é funcional.
Os filhos e as mulheres deixaram de ser propriedade dos seus pais e maridos e passaram a ter identidade, personalidade, e essas identidades chocam umas com as outras, num sistema cuja funcionalidade se questiona pelo menos desde os anos 60 do século XX.
Abandonado o formalismo, a família mergulhou num drama que é demasiado subjectivo para ter uma solução evidente.
Aquilo que cada um sente é a sua verdade, a funcionalidade de um sistema é assegurada pela sua racionalidade, amar é sempre irracional.
O formalismo protegia as pessoas das expectativas, não seria expectável, em pleno século XIX um jovem ser compreendido pela sua família(salvo raras excepções), que uma mulher tivesse suporte para afirmar a sua identidade( mais uma vez salvo raras excepções) ou que um homem revelasse o que lhe ia na alma. Excluindo as emoções, os casamentos foram estruturas capazes de manter sociedades funcionais.
((dedicatória especial ao mais recente casal por conveniência)
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A sociedade, em todas as vertentes, tem sofrido grandes alterações ao longo dos séculos, e a familia não é excepção.
ResponderEliminarOs afectos, o amor enquanto elementos destabilizadores?
"Amar é sempre irracional", ou o irracional é nunca amar?
O casal de conveniência é um simulacro, não mais do que isso.
Este texto era uma tentativa irónica de defender a conveniência.
ResponderEliminarEstamos a ser governados por um casal de conveniência, e dezenas de personalidades têm vindo a terreiro defender essa conveniência como forma de estabilidade.
Num próximo texto, já rascunhado, falarei do amor burguês e do amor dos outros.
Claro que era intencionalmente provocador.
Percebi a ironia, mas receio generalizações.
ResponderEliminarO amor burguês e o amor dos/aos outros é, sem sombra para qualquer dúvida, muitíssimo mais interessante.