domingo, 24 de março de 2013

A morte dos homens.

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2013/jan/23/suicide-rates-men-gender-issue



Um dos temas que me interessa é tentar compreender o que mantém as pessoas vivas.

Umas vivem de amores, outras alimentam-se de ódios, algumas sacrificam-se para manterem vivos os sonhos, as mais tristes vivem para possuir, as mais desalentadas vão vivendo mesmo já não possuindo.

E uma enorme quantidade sobrevive, mesmo sem vontade, mesmo sem objectivos, apesar de todas as contrariedades, algumas pessoas vagueiam pelos dias, embrulhados numa quase morte que os impede de tudo. As circunstâncias podem ser de ordem material ou de ordem espiritual, o efeito é muito semelhante.

Os homens estão mentalmente preparados para se estruturarem de fora para dentro, o trabalho, o reconhecimento social, o sucesso, a conquista, a caça, o fazer da guerra, são alguns aspectos a partir dos quais os homens se projectam e constroiem a sua identidade, claro que estas tarefas podem sofrer metamorfoses e aparecerem revestidas, mas no fundo continuam a ser as tarefas onde a grande maioria dos homens se sentem confortáveis.

Esta crise mergulhou os homens numa ausência de validação que está a transformar a sociedade de uma forma aguda e profunda.

Perdido o eixo do trabalho muito homens constatam o vazio do seu caminhar e não possuiem armas para enfrentá-lo, o vazio engorda e a morte afigura-se como saída.


Milton Nascimento – Anima

2 comentários:

  1. Para deixar de "temer" a morte, basta começar a ter medo da vida e essa é a realidade do homem contemporâneo.

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  2. Essa é a nossa visão, a nossa perspectiva de muitos com quem nos cruzamos.
    Afiguram-se-nos "zombies", marionetas sem alma e sem vida.
    Em situações extremas o suicídio é a alternativa.
    Só que - o incompreensível subsistirá sempre! - há homens que conseguem encontrar sentido para a vida a partir aparentemente do nada.
    É o Homem no seu imenso mistério.

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