quarta-feira, 27 de março de 2013

Sabes para onde vais?

David Sylvian – I Surrender




Abrias em mim o sulco da manhã
trazias um tudo nas mãos e caminhavas
perguntei-te vezes sem conta:
-Sabes para onde vais?
- Sei, mas não te digo que é  um lugar só meu.

Fechavas os olhos numa lentidão só tua
guardavas um nada nas mãos e por vezes estavas
 continuei a querer indagar:
- Amanhã segues viagem?
- Agora mesmo estou a caminho do meu lugar.

Abrias em mim a imensidão da noite
soltavas o vento e retomavas o caminho
e eu rendida ao enigma.
- Desta vez já não regressas?
- Se a morte estiver no fundo da estrada, terei então chegado.


2 comentários:

  1. Triste mas muito belo ou o poema de uma morte anunciada.

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  2. Obrigada.
    todas as mortes se anunciam, nesta semana fazem-no com mais intensidade.

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