segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A face despida.




 A face despida.

(Sobre)Viver em sociedade implica a capacidade de vestir peles diferentes, esta afirmação não tem em si qualquer novidade.
Resta saber se poderíamos elaborar uma escala entre a camuflagem sobrevivente e a anulação patológica da identidade.
Esta escala teria aplicação pessoal  e  interpessoal.
Apresentar-se perante o outro sem máscara é de uma crueza doente, ninguém suporta relacionar-se com alguém que caminhe nu, a exposição excessiva daquilo que se convencionou dever ser coberto, desprotege aquele que se mostra despido, a dor e o riso devem ser exibidos em dose certa. sem exageros.
A máscara é um sinal de inteligência sobrevivente, mas até que ponto a máscara protege ou aprisiona?
A máscara pressupõe que o utilizador tem consciência do adereço e como tal pode colocá-lo quando entra em cena e retirá-lo no final de cada performance.
Esta consciência da utilização da máscara e da possibilidade de se libertar dela, de nalguns raros momentos se apresentar perante alguém, despido, é a linha que separa a inteligência sobrevivente da mentira patológica.
 Depois quando se perde a consciência da máscara, é mais difícil remover um adereço que se julga ser a própria pele.
Não será um espelho a devolver a face despida, será o silêncio, apenas Ele poderá restituir os contornos do rosto por trás da máscara.

3 comentários:

  1. A mascára acaba por ser uma inevitabilidade. Quantos de nós já não a usamos? Saber quando, como, ter consciência do limite, aí reside o problema.

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    1. Todos usamos máscaras.
      Obrigada por passar por aqui.
      Bom Fim de semana.

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  2. usar usamos, mas nas relações mais pessoais deveríamos evitá-las. Julgo eu...

    Filipe

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