quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Melindrar os afortunados. (Brad Mehldau plays Bittersweet Symphony (Jazz à Vienne 2010)




Em todas as famílias existem uns mais afortunados do que outros, em todas as comunidades é igualmente assim, ou deveria ser, apesar das provas de guetização ( seja ela em condomínios ou em bairros sociais)serem contundentes e inequívocas em atestarem a insalubridade gerada por um convívio exclusivo.
A pluralidade enriquece as pessoas, conhecer e dialogar com pessoas de diversas realidades é um catalisador sináptico, provoca-nos a alma e leva-nos a abandonar a zona de conforto que é o nosso cérebro em modo fechado.
Quando todos os apelos vão no sentido de escutar e compreender os mais fragilizados, aqueles que estão a perder, muito mais do que coisas, aqueles que estão a perder`ânimo e esperança, ainda há quem ache e assuma achar, que os não vitoriosos desta época de náusea, são falhados, e como tal, são profundamente responsáveis pelo seu falhanço. Esta atitude revela uma clausura mental perigosa, proteger os privilegiados dum possível confronto com a realidade crua de quem está a passar por sérias dificuldades, é sustentar o autismo social que se vem instalando na sociedade. Ser afortunado não é em si mesmo um crime ou uma desonra, no entanto convém averiguar a origem dessa fortuna, se for uma fortuna feita de desventuras, então é uma injustiça, mas pode não ser,e então será uma fortuna justa e merecida.
Se os afortunados se melindram ante o rosto despido dos menos afortunados, então não serão merecedores dessa fortuna.

2 comentários:

  1. Nesta época de náusea (como subscrevo esta sua classificação!), os ditos afortunados são-no demasiadamente, tão demasiadamente que ficaram castrados dessa coisa, para eles sem sentido, que é saber olhar o outro.
    Não fora os efeitos dos seus desvarios, da inconsciência, do desrespeito, e diria: pobres deles, quão pobres são.

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  2. olhar o outro requer uma disponibilidade para nos olharmos a nós próprios por dentro.
    Boa Noite, e um agradecimento

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